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Demissão pode ser um presente?

Apesar das tendências de mobilidade profissional, onde se discute atualmente as chamadas "carreiras sem fronteiras", ainda vivemos um mercado de trabalho que carrega o tabu da demissão.

Poucos profissionais têm coragem de se desligar sem ter outra posição para migrar. E poucos são os líderes que conseguem demitir de maneira leve e humana, sem ser o extremo da raiva ou quando realmente chegou ao "fim da linha" a relação de trabalho.

Como qualquer final de ciclo, o processo de desligamento é uma construção, salvo se estivermos falando de cortes por crises - e, por vezes, até estes.

O desligamento inicia bem antes do ato ser consolidado. Mas uma demissão é um presente quando ela liberta de uma relação que não traz mais prosperidade para ambos os lados.

Pensar nossas escolhas de carreira é posicionar as decisões atuais em uma linha temporal longa. Ou seja: "o que construo e desenvolvo impulsiona bons frutos? Estimula a sustentabilidade da minha vida profissional?".

Quando falamos nisso precisamos pensar em qualidade de vida, saúde emocional, empregabilidade e desenvolvimento intelectual. Alimentar ciclos que apenas consolidam conquistas ou reforçam crenças de incapacidade é um erro.

O que profissionais não percebem é que fechar ciclos é necessário e isto deveria ser natural, é consequência de um período bem vivido.

Porém, na prática, poucas vezes acontece dessa forma. E as causas são inúmeras, como dificuldade de elaborar luto, até medo da rejeição ou relações de dependência.

Negar a necessidade do encerramento não resolve o problema. Quanto mais falarmos dos novos modelos de trabalho e que, sim, a alta mobilidade carrega consigo mais processos de fechamento e interrupção de ciclos, mais coragem temos para enfrentar estes momentos.

Artigo de Juliana Rondon, publicado em Correio do Povo.

CEO da Planus, Psicóloga e Coach.