Chorar no trabalho tem inúmeras facetas, como quase tudo em comportamento humano
No início de 2022, muito se comentou sobre o choro do Tadeu Schmidt no BBB, criando-se um debate sob o véu da vulnerabilidade, o que é fantástico, enaltecer este comportamento por si só, agrega valor ao nosso entendimento de gestão humanizada de pessoas.
Para nós, o choro de Tadeu pareceu um misto de orgulho e cansaço. Demonstrou de sua parte saber que conseguiu, que sua condução foi incrível e parece que, ter conseguido essa performance exigiu muito esforço e concessões por parte dele.
Então, é completamente natural que no momento de relaxar ele chore. Pois na hora de fechar um ciclo é hora de balanço, de análise de performance e de aprendizados. Sendo um choro natural e honroso, tornando-se inclusive, um grande modelo social pra todos nós.
O ponto que temos medo é de transformarmos qualquer choro no trabalho, como esse pacote do Tadeu Schmidt.
Como disse no título desse texto, todo comportamento humano tem inúmeras facetas. Chorar não é sempre isso ou aquilo.
Destaco, ele não perdeu o controle chorando em um momento crítico do projeto, ele se emocionou no encerramento, considero fundamental entendermos esse contexto.
Agora, tem um ponto do choro que me incomoda bastante dentro das organizações, quando o choro vem pra maquiar erros graves e mal intencionados, vou me explicar.
Já vi alguns líderes (homens e mulheres), abusadores, incompetentes e manipuladores que quando ‘pegos’ em suas malandragens desatam a chorar para seduzir e comover seu público.
Já vi também o choro ser um canal de vitimização pra quem não quer o pacote completo de suas escolhas, vou exemplificar novamente, profissionais que não cumprem combinados e que, ao invés de recombinar os acordos, escondem as evidências dos seus atos, e choram quando questionados de forma adulta. Ou ainda, quando se deparam com frustrações, o que, cá entre nós, na vida adulta real oficial, é rotina.
Aprofundando um pouco mais essa reflexão lembre-se que o choro é um canal de comunicação desde que nascemos, em nossa primeira infância, por um bom período, foi o principal. Conforme amadurecemos ele vai virando um recurso nobre e raro, aparece em situações críticas, certo?
Conforme as crianças crescem ensinamos que elas precisam de mais repertório pra resolver seus problemas do que só chorar, não é mesmo? Isso porque chorar é feio e errado? Claro não. Simplesmente porque depois que aprendemos a falar, o choro não é mais o único recurso que temos pra resolver nossos problemas. Antes de aprendermos a falar, ele aparece como ‘o grande recurso’, o choro é a voz dos bebês.
O choro não pode ser a voz dos adultos, não é saudável usar essa forma de comunicação em larga escala e a cada desafio, sim, adultos precisam ter tolerância a frustração, precisamos conseguir pensar mesmo pressionados e frustrados. Defendo sempre: humanizar não é infantilizar. E, análise de comportamento humano não é binária é complexa, pra expandir precisamos relativizar e contextualizar.